Morreu a escritora Clara Pinto Correia, aos 65 anos

Morreu a escritora, bióloga e professora universitária Clara Pinto Correia, aos 65 anos, confirmou fonte da editora Exclamação ao Expresso. De acordo com o “Correio da Manhã”, foi encontrada morta em casa, em Estremoz, esta terça-feira.
“Clara Pinto Correia juntava à alegria de viver, uma inteligência e um brilho que se expressaram na intervenção oral e escrita, no magistério científico e na comunicação com os outros. Não deixou nunca ninguém indiferente. Daí o sentido de ausência por todos partilhado neste momento”, evoca o Presidente da República.
Filha do Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e professor de medicina José Manuel Pinto Correia, e irmã da jornalista Margarida Pinto Correia, Clara licenciou-se em biologia pela Universidade de Lisboa, em 1984, e começou lecionar na Faculdade de Medicina do mesmo instituto, em 1985, como assistente estagiária de Biologia Celular e Histologia e Embriologia.
Em 1989 parte para os Estados Unidos (EUA) para concluir o doutoramento na Universidade de Nova Iorque e, em outubro de 1992, é-lhe conferido o grau de Doutor em Biologia Celular pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto.
Depois de um período nos EUA dedicado aos estudos celulares e reprodutivos, retornou a Portugal, criando a licenciatura em Biologia e o mestrado em Biologia do Desenvolvimento na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Caso de plágio e vida em Estremoz
Como escritora, assinou entre 1983 e 2007 mais de quarenta obras, entre as quais se destacou o romance “Adeus, princesa”, sobre a reforma agrária no Alentejo. Escreveu para “O Jornal” (1980-1985), para o “Jornal de Letras” (entre 1983 e 1986) e para a “Visão”, para onde deixou de escrever, em 2003, devido a acusações de plágio em duas crónicas.
Numa entrevista à revista “Sábado“, em janeiro deste ano, dava conta de algumas dificuldades que vinha a enfrentar: “Fiquei sem emprego, sem qualquer espécie de trabalho. Primeiro que começasse a receber o subsídio de desemprego foram quase dois anos. Nas filas da Segurança Social olhavam para mim de esguelha. A minha senhoria da casa no Penedo [perto de Colares, Sintra] pôs-me uma ordem de despejo. Há 30 anos que lhe arrendava a casa e dava-me lindamente com ela.”
A casa em Estremoz, onde vivia e foi encontrada sem vida, era também referida pela escritora na mesma entrevista. “Sempre gostei da cidade [Estremoz], acho-a luminosa e bonita. Quando começou o confinamento [2020], estive 15 dias internada em São José por causa de uma pneumonia. Voltei para casa e estive imenso tempo de cama. Lembro-me de fazer 60 anos na cama, fiquei gordíssima porque estive quase um mês a tomar cortisona. Foi quando comecei a pensar: ‘Se continuar em Lisboa, morro.’ Decidi vir para cá.”




